O que é o RPS e como usá-lo para garantir a conformidade fiscal?
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Para prestadores de serviços, a emissão da Nota Fiscal de Serviço Eletrônica (NFS-e) é o documento que formaliza a operação e garante a correta apuração do ISS. Porém, na prática, nem sempre é possível emitir a NFS-e no exato momento da prestação: falta de conexão, sistema da prefeitura fora do ar ou atendimentos em locais remotos são situações comuns na rotina de quem trabalha com serviços.
É exatamente para esses casos que existe o Recibo Provisório de Serviços (RPS). O RPS funciona como um documento temporário, que substitui a NFS-e até que ela possa ser emitida.
Confira em quais situações o RPS deve ser usado, como emitir corretamente e qual é o prazo máximo para convertê-lo em NFS-e, evitando multas, desenquadramentos e qualquer problema com o Fisco municipal.
Definição e finalidade do RPS
O Recibo Provisório de Serviços (RPS) é um documento que antecede a emissão da NFS-e. Ele funciona como um comprovante provisório de que o serviço foi prestado e de que a Nota Fiscal será emitida em momento oportuno.
O RPS é obrigatório sempre que o prestador de serviços não puder emitir a NFS-e imediatamente. Ele registra a operação no exato momento da prestação, garantindo conformidade fiscal e o reconhecimento da receita, mesmo quando o sistema da prefeitura estiver indisponível ou o serviço for prestado em locais sem conexão.
Depois, dentro do prazo legal, o RPS deve ser convertido em NFS-e, transformando o registro provisório em documento fiscal definitivo.
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Por que o RPS foi criado?
O RPS foi criado para dar flexibilidade ao prestador de serviços. Como a emissão da NFS-e depende do sistema municipal — e cada prefeitura tem suas próprias regras — a legislação reconhece que nem sempre a emissão pode ocorrer em tempo real.
O RPS cumpre três funções principais:
Registro imediato: comprova a prestação no momento do serviço, mesmo sem acesso à internet ou ao sistema.
Substituição temporária: serve como documento fiscal provisório para o tomador até que a NFS-e seja emitida.
Garantia de sequência: mantém a ordem cronológica, pois o RPS possui numeração sequencial e deve ser convertido na mesma ordem.
Natureza Jurídica
É importante reforçar que o RPS não é um documento fiscal definitivo. Ele é um instrumento de registro interno do contribuinte que perde validade após a conversão. A validade fiscal plena só se concretiza com a NFS-e, que substitui o RPS integralmente.
Quando e como o RPS deve ser utilizado?
O uso do RPS não é livre. Ele é permitido somente em situações em que a emissão imediata da NFS-e é impossível ou impraticável.
Situações em que o uso é permitido
O objetivo é garantir registro imediato, sem interromper a operação do prestador de serviços. Confira quando usar:
Inoperância do sistema: quando o sistema da prefeitura ou o sistema próprio do contribuinte está fora do ar.
Operações fora da sede: serviços prestados em locais remotos, sem conexão com a internet (como obras, eventos, atendimento em campo).
Alto volume de serviços: empresas que emitem muitas notas ao longo do dia podem registrar tudo via RPS e converter em lote ao final do expediente.
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Requisitos para a emissão do RPS
O RPS pode ser impresso ou gerado digitalmente, desde que siga o padrão exigido pela prefeitura. Antes de emitir o primeiro RPS, o prestador deve solicitar autorização formal junto à Secretaria Municipal de Fazenda.
A. Autorização e numeração
A prefeitura define a faixa numérica que o prestador poderá utilizar.
Numeração sequencial: o RPS deve ser emitido em ordem crescente, sem saltos ou repetições. Pode começar no número 1 ou continuar a partir do último número usado.
Série: algumas prefeituras exigem séries distintas quando há mais de um estabelecimento ou diferentes tipos de serviço.
A numeração é um dos principais pontos de controle fiscal.
B. Informações obrigatórias no RPS
Para ter validade, o RPS precisa conter, no mínimo, as informações abaixo:
Campo | Descrição |
Identificação do prestador | Razão social, CNPJ, Inscrição Municipal e endereço |
Identificação do tomador | Nome/razão social, CPF/CNPJ e endereço |
Data da emissão | Data da prestação do serviço e da emissão do RPS |
Descrição do serviço | Detalhamento claro do serviço prestado (igual ao da futura NFS-e) |
Valor do serviço | Valor total da operação |
Identificação do RPS | Número sequencial e, quando houver, série |
Frase de advertência | “Este Recibo Provisório de Serviços será convertido em Nota Fiscal de Serviços Eletrônica no prazo legal. |
Esses elementos garantem que o RPS seja aceito pela prefeitura no momento da conversão.
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O processo de conversão do RPS para NFS-e
A conversão é o procedimento que transforma o registro provisório (RPS) no documento fiscal oficial (NFS-e). É nessa etapa que a operação passa a ter validade fiscal plena perante o município.
O prazo de conversão: uma regra municipal
O prazo para converter o RPS em NFS-e é definido exclusivamente pela legislação de cada município — e é, de longe, o ponto mais crítico do processo.
Município | Prazo comum | Observação |
São Paulo | 10 dias corridos | Contados a partir do dia seguinte à emissão do RPS |
Rio de Janeiro | 10 dias corridos | Idem |
Belo Horizonte | 5 dias úteis | A partir do dia seguinte |
Regra geral | 5 a 10 dias | O prestador deve consultar a legislação local |
Importante: atentar-se ao prazo é fundamental. Se o RPS não for convertido dentro do prazo, o prestador poderá sofrer multas e outras penalidades graves.
Passo a passo da conversão
A conversão pode ser feita diretamente no sistema da prefeitura ou por meio de um software integrado. Em geral, o processo segue estas etapas:
Acesso ao sistema: o prestador acessa o sistema da prefeitura ou seu sistema de gestão integrado.
Transmissão dos dados: são enviados os dados do RPS: número, série, data, tomador, valor e descrição do serviço.
Validação: o sistema verifica se a numeração está correta e se os dados seguem o padrão exigido.
Geração da NFS-e: estando tudo correto, a NFS-e é emitida e substitui o RPS.
Cancelamento automático do RPS: o RPS deixa de ter validade, mas deve ser arquivado como comprovante da operação.

Penalidades e riscos da não conversão: o custo da desorganização
Não converter um RPS dentro do prazo é uma infração fiscal grave, que pode gerar multas elevadas, cobrança retroativa de imposto e até suspensão do cadastro municipal.
Multa por atraso na conversão
A multa é a penalidade mais comum e é aplicada sobre o valor do imposto devido ou sobre o valor da operação.
Variação municipal: as alíquotas de multa variam drasticamente. Em grandes centros, como São Paulo, a multa pode chegar a 50% do valor do imposto devido, além de juros e correção monetária.
Multa por RPS não convertido: em alguns casos, a multa é aplicada por cada RPS não convertido, independentemente do valor do serviço, o que pode gerar um passivo fiscal significativo.
Arbitramento do imposto e fiscalização
Se o prestador de serviços emitir o RPS e não o converter, o Fisco pode arbitrar o valor do imposto devido.
Presunção de omissão: a prefeitura presume que o serviço foi prestado e que o imposto não foi recolhido, lançando o débito de ofício.
Fiscalização: a falta de conversão é um sinalizador de alerta para o Fisco, podendo levar a uma fiscalização mais ampla das operações da empresa.
Ou seja: além da multa, a empresa pode ser investigada por omissão de receita.
Cancelamento da autorização e suspensão
Em casos de reincidência ou grande volume de RPS não convertidos, a prefeitura pode:
Cancelar a autorização: revogar a permissão para que a empresa continue emitindo RPS.
Suspensão do cadastro: suspender a Inscrição Municipal, impedindo a empresa de emitir qualquer NFS-e até a regularização.
Essas medidas paralisam completamente a operação da empresa.
RPS e o Microempreendedor Individual (MEI)
Desde 2023, o MEI passou a ser obrigado a emitir a NFS-e no padrão nacional quando presta serviços para Pessoas Jurídicas. Nesses casos:
NFS-e Nacional: o MEI emite suas notas pelo Portal Nacional de Emissão de NFS-e.
Uso do RPS: o MEI também pode emitir RPS nas mesmas situações emergenciais previstas para outros prestadores. A conversão, porém, deve seguir as regras do sistema nacional ou da prefeitura, dependendo da plataforma utilizada.
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O RPS como aliado da conformidade
O Recibo Provisório de Serviços é um excelente recurso para quem presta serviços: permite registrar a operação imediatamente sem comprometer a conformidade fiscal. Mas, para funcionar bem, depende de disciplina, controle e cumprimento rigoroso dos prazos.
Manter a organização dos seus RPS e garantir que todos sejam convertidos em NFS-e dentro do prazo é essencial para evitar multas, arbitragens e complicações com o Fisco.
Com o suporte certo e com a automação adequada, você mantém sua operação ágil, segura e totalmente em dia com o município.
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