Simples Nacional Híbrido, Lucro Presumido ou Lucro Real: como enquadrar a empresa?

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    Pessoas discutem uma questão em uma sala de reunião em frente ao notebook

    No complexo cenário tributário brasileiro, escolher o regime de tributação é uma das decisões mais estratégicas e impactantes para a saúde financeira e a longevidade de uma empresa. 

    Essa decisão, que deve ser tomada anualmente, define a forma como os impostos serão calculados e recolhidos, influenciando diretamente a carga tributária, a burocracia e a competitividade do negócio. Com a aprovação da reforma e a introdução de novas modalidades, como o Simples Nacional Híbrido, essa escolha se torna ainda mais desafiadora.

    Hoje, queremos desmistificar os principais regimes tributários – Simples Nacional (tradicional e híbrido), Lucro Presumido e Lucro Real – para você entender como cada um funciona, suas vantagens e desvantagens e, principalmente, como serão impactados pela reforma tributária. Confira!

    Simples Nacional: o regime simplificado para MPEs

    O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, criado especialmente para Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões.

    Instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, seu propósito é claro: reduzir a burocracia e a carga tributária, incentivando o empreendedorismo e a formalização de pequenos negócios no Brasil.

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    Como funciona o Simples Nacional tradicional?

    No modelo tradicional, o Simples Nacional unifica a cobrança de oito impostos e contribuições em uma única guia de pagamento: o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). Estão incluídos:

    • Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);

    • Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);

    • Contribuição para o PIS/Pasep;

    • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);

    • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

    • Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);

    • Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS);

    • Contribuição Patronal Previdenciária (CPP).

    A alíquota do Simples Nacional é progressiva, ou seja, aumenta conforme o faturamento da empresa, e varia de acordo com a atividade econômica exercida, conforme tabelas específicas. Essa simplificação no recolhimento e a potencial redução da carga tributária são os principais atrativos do regime.

    Vantagens e desvantagens atuais

    Vantagens:

    • Simplificação: redução da burocracia e do tempo gasto com o cumprimento das obrigações fiscais.

    • Redução da carga tributária: em muitos casos, as alíquotas do Simples Nacional são menores do que as aplicadas nos regimes de Lucro Real ou Lucro Presumido, especialmente para empresas com menor faturamento.

    • Facilidade de cálculo e recolhimento: o pagamento unificado em uma única guia simplifica o processo para o empresário.

    Desvantagens:

    • Limite de faturamento: empresas que ultrapassam o limite de R$ 4,8 milhões anuais são desenquadradas do regime.

    • Não cumulatividade limitada: o Simples Nacional não permite o aproveitamento de créditos de PIS, Cofins e ICMS para as empresas que o utilizam. Isso pode ser uma desvantagem para empresas que vendem para outras empresas (B2B) que estão no regime normal, pois seus clientes não conseguem se creditar integralmente dos impostos pagos.

    • Alíquotas progressivas: para empresas com faturamento mais elevado dentro do regime, as alíquotas podem se tornar menos vantajosas, aproximando-se ou até superando as de outros regimes.

    Leia depois: Reforma tributária pode encarecer o Simples Nacional? Entenda!

    Lucro Presumido: a tributação baseada na receita

    O Lucro Presumido é um regime tributário simplificado voltado para a apuração do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Diferente do Lucro Real, que exige o cálculo sobre o lucro contábil efetivo da empresa, aqui a Receita Federal presume uma margem de lucro sobre a receita bruta para definir a base de cálculo dos impostos.

    Como funciona o Lucro Presumido?

    Nesse regime, a Receita Federal aplica percentuais fixos de presunção de acordo com a atividade econômica da empresa. Alguns exemplos:

    • 8% para atividades comerciais e industriais;

    • 16% para transporte de cargas;

    • 32% para prestação de serviços em geral (exceto casos específicos, como serviços hospitalares ou transporte de passageiros, que podem ter percentuais menores).

    Com essa presunção, chega-se ao chamado lucro presumido, que servirá de base para calcular:

    • IRPJ: 15% sobre o lucro presumido, com adicional de 10% para valores acima de R$ 20 mil por mês;

    • CSLL: 9% sobre o lucro presumido.

    Além disso, empresas nesse regime também recolhem PIS e COFINS (no regime cumulativo, com alíquotas de 0,65% e 3% sobre a receita bruta, respectivamente), além de ISS (no caso de serviços) e ICMS (para comércio e indústria), calculados separadamente.

    Vantagens e desvantagens

    Vantagens

    • Simplicidade: é mais simples que o Lucro Real, pois não exige a apuração do lucro contábil detalhado.

    • Previsibilidade: a base de cálculo é mais previsível, facilitando o planejamento tributário.

    • Carga tributária menor: pode ser vantajoso para empresas com margem de lucro real superior à margem de presunção estabelecida pela Receita Federal.

    Desvantagens

    • Tributação sobre Lucro Presumido: se a margem de lucro real da empresa for inferior à margem de presunção, a empresa pagará mais impostos do que deveria.

    • Não aproveitamento de créditos: no Lucro Presumido, não há aproveitamento de créditos de PIS e COFINS, o que pode ser desvantajoso para empresas com muitos custos e despesas que gerariam créditos no Lucro Real.

    • Limitação de deduções: menor flexibilidade para deduzir despesas para fins de IRPJ e CSLL.

    Aproveite e confira como será o modelo de fiscalização com a implementação da reforma tributária.

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    Lucro Real: a tributação baseada no lucro efetivo

    O Lucro Real é o regime tributário mais complexo, mas também o mais preciso. Isso porque o cálculo do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) é feito com base no lucro contábil efetivamente apurado pela empresa.

    Ou seja: aqui a tributação recai sobre o que a empresa realmente lucrou, após deduzir todas as despesas e custos permitidos pela legislação.

    Como funciona o Lucro Real?

    Nesse regime, a empresa precisa manter uma escrituração contábil completa e detalhada, registrando todas as receitas, custos e despesas.

    O lucro líquido contábil é ajustado conforme regras fiscais — adicionando despesas não dedutíveis, excluindo receitas isentas, entre outros ajustes — até chegar ao Lucro Real, que será a base de cálculo dos impostos:

    • IRPJ: 15% sobre o lucro real, com adicional de 10% para valores acima de R$ 20 mil por mês;

    • CSLL: 9% sobre o lucro real.

    Além disso, no Lucro Real, a empresa recolhe PIS e Cofins no regime não cumulativo, com alíquotas de 1,65% e 7,6% sobre a receita bruta. Aqui, há o benefício de aproveitar créditos sobre custos e despesas. Também podem ser devidos ISS (para serviços) e ICMS (para comércio e indústria).

    Vantagens e desvantagens

    Vantagens

    • Tributação mais justa: a empresa paga impostos sobre o lucro real. Isso pode ser vantajoso para negócios com margens menores ou que tenham prejuízos em determinados períodos.

    • Aproveitamento de créditos: permite o uso de créditos de PIS, Cofins, ICMS e IPI sobre custos e despesas, reduzindo a carga tributária.

    • Maior flexibilidade: mais possibilidades de deduzir despesas relacionadas à atividade da empresa.

    • Compensação de prejuízos: possibilidade de abater prejuízos fiscais de anos anteriores na base de cálculo do IRPJ e da CSLL.

    Desvantagens:

    • Maior complexidade: exige contabilidade completa e rígida, além de controles fiscais detalhados.

    • Custos operacionais mais altos: geralmente requer mais investimento em contabilidade e consultoria especializada.

    • Pode ser mais caro: para empresas com margens de lucro altas e poucas despesas dedutíveis, a carga tributária pode superar a de outros regimes.

    A reforma tributária e os impactos nos regimes atuais

    Com a chegada do IVA Dual – formado pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – todos os regimes de tributação passarão por mudanças importantes.

    Embora o IRPJ e a CSLL continuem existindo sem alterações diretas, a forma como os impostos sobre o consumo serão apurados e recolhidos mudará bastante, impactando desde a rotina fiscal até a competitividade das empresas.

    O IVA Dual (CBS e IBS): uma nova realidade

    A CBS (federal) e o IBS (estadual/municipal) vão substituir PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS.

    A grande mudança é a não cumulatividade plena: onde o imposto será cobrado apenas sobre o valor agregado em cada etapa da cadeia produtiva. Isso elimina o “efeito cascata” e permite o aproveitamento integral de créditos tributários.

    Na prática, a tributação tende a ficar mais simples e transparente, mas também exigirá mais atenção das empresas na gestão de créditos e débitos para evitar pagar mais do que o necessário.

    O Simples Nacional Híbrido: uma nova opção

    Uma das maiores novidades da reforma é a criação do Simples Nacional Híbrido. Nessa modalidade, a empresa continua no Simples para tributos como IRPJ e CSLL, mas recolhe a CBS e o IBS fora do DAS, no regime regular.

    Vantagens do Híbrido

    A principal vantagem é a competitividade. Ao recolher o IVA Dual por fora, a empresa gera créditos integrais de CBS e IBS para seus clientes B2B (como empresas do Lucro Real ou Presumido). Isso pode torná-la mais atrativa no mercado, já que no Simples tradicional o crédito é limitado ao valor reduzido pago no DAS.

    Desvantagens do Híbrido

    Por outro lado, a empresa terá que lidar com dois regimes ao mesmo tempo – o que aumenta a complexidade da gestão fiscal e pode gerar custos maiores com contabilidade e assessoria.

    A escolha pelo Simples Híbrido deve ser feita com base em uma análise detalhada do perfil da empresa, de sua clientela e da cadeia de valor em que atua.

    Impactos no Lucro Presumido: adeus às vantagens?

    Com a reforma tributária, empresas do Lucro Presumido precisarão reavaliar com cuidado se o regime continuará sendo vantajoso. A principal mudança está nos impostos sobre o consumo: PIS, Cofins, ICMS e ISS serão substituídos pela CBS e pelo IBS, ambos dentro da lógica da não cumulatividade plena.

    Atualmente, quem está no Lucro Presumido não pode aproveitar créditos de PIS e Cofins. No novo sistema, essa limitação pode pesar ainda mais. Isso porque as empresas continuarão pagando CBS e IBS sobre suas receitas, mas sem poder abater os créditos das aquisições — como insumos e serviços.

    Na prática, esse cenário pode elevar a carga tributária efetiva sobre o consumo. Especialistas já alertam que, para muitos negócios, a vantagem fiscal do Lucro Presumido pode deixar de existir. 

    Nesse contexto, a migração para o Lucro Real pode se tornar uma opção mais atrativa, justamente porque esse regime permite o aproveitamento integral de créditos, equilibrando melhor a tributação.

    CBS: conheça o tributo que começa a valer a partir de 2026.

    Lucro Real: mais vantagens com a não cumulatividade plena?

    O Lucro Real, que já funciona com a não cumulatividade de PIS e COFINS, deve ser o regime mais favorecido pela reforma tributária. 

    Com a chegada do IVA Dual (CBS e IBS), as empresas enquadradas nesse regime poderão aproveitar créditos sobre praticamente todas as aquisições de bens e serviços. Isso significa uma redução efetiva na carga tributária sobre o consumo.

    Apesar de continuar sendo o regime mais complexo em termos de escrituração e controle contábil, o Lucro Real pode se tornar ainda mais atrativo — especialmente para empresas de grande porte ou que possuem uma alta margem de custos e despesas, já que terão mais créditos a aproveitar.

    Vale destacar que a reforma não altera diretamente a forma de apuração do IRPJ e da CSLL, que seguem calculados com base no lucro real. No entanto, o alívio tributário sobre o consumo proporcionado pelo novo modelo pode melhorar o resultado final das empresas e fortalecer sua competitividade.

    IBS: entenda o novo imposto que substituirá o ICMS e ISS.

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    Como escolher o melhor regime para sua empresa pós-reforma?

    A escolha do regime tributário sempre foi uma decisão estratégica, mas com a chegada da reforma tributária e a criação do IVA Dual e do Simples Nacional Híbrido, essa decisão se torna ainda mais crítica. 

    Não existe uma resposta única: o melhor regime dependerá das características de cada negócio. Por isso, uma análise detalhada e um bom planejamento tributário são indispensáveis.

    Análise de faturamento e margem de lucro

    O faturamento anual define os limites para o enquadramento em cada regime. O Simples Nacional, por exemplo, é exclusivo para empresas com faturamento de até R$ 4,8 milhões. Mas a margem de lucro também é determinante:

    • Alta margem de lucro: o Lucro Presumido pode ser vantajoso, desde que a margem real seja maior que a presumida pela Receita Federal.

    • Baixa margem de lucro ou prejuízo: o Lucro Real tende a ser mais interessante, já que o imposto é pago sobre o lucro efetivo e há a possibilidade de compensar prejuízos fiscais.

    Perfil de Clientes (B2B vs. B2C)

    O público que a empresa atende influencia diretamente a escolha:

    • B2C (venda para consumidor final): o Simples Nacional tradicional continua sendo atrativo, já que o consumidor não aproveita créditos tributários. Assim, as mudanças do IVA Dual têm menos impacto na competitividade.

    • B2B (venda para empresas): aqui, os créditos de CBS e IBS são fundamentais. Se seus clientes estão no Lucro Real ou Presumido, regimes como o Simples Nacional Híbrido ou até mesmo o Lucro Real podem ser mais interessantes para manter a competitividade.

    Setor de atuação e custos operacionais

    O ramo de atividade e a estrutura de custos também pesam na decisão:

    • Indústria e comércio: negócios com muitos insumos e despesas que geram créditos tendem a se beneficiar do Lucro Real, por conta da não cumulatividade plena.

    • Serviços: dependendo do percentual de presunção no Lucro Presumido, o Lucro Real pode ser mais vantajoso quando a margem de lucro real é baixa.

    • Folha de salários: é um ponto importante na comparação, já que a forma de recolhimento da CPP (Contribuição Previdenciária Patronal) varia em cada regime.

    A importância do planejamento tributário e da consultoria especializada

    Com tantas mudanças à vista e as particularidades de cada regime, escolher o enquadramento tributário certo não pode ser uma decisão feita no escuro. O planejamento tributário é a ferramenta que permite olhar para frente e tomar decisões mais seguras. Ele ajuda sua empresa a:

    • Simular cenários: entender como cada regime pode impactar as finanças, considerando o IVA Dual e a opção do Simples Nacional Híbrido.

    • Identificar oportunidades: encontrar caminhos legais para reduzir a carga tributária e otimizar o fluxo de caixa.

    • Garantir conformidade: evitar multas e problemas fiscais ao manter tudo em dia com as regras da Receita.

    Um contador ou consultor especializado consegue analisar o perfil da sua empresa, projetar cenários futuros e indicar o regime mais vantajoso. Essa escolha vai além dos impostos pagos: envolve também a complexidade operacional e a competitividade da sua empresa no mercado.

    A Treeunfe te ajuda a navegar pelas mudanças

    O Simples Nacional Híbrido, o Lucro Presumido e o Lucro Real têm regras, vantagens e limitações que precisam ser avaliadas com cuidado. A reforma tributária, ao trazer o IVA Dual (CBS e IBS), torna essa escolha ainda mais estratégica.

    Não existe uma resposta única sobre qual regime é o melhor. Isso depende do faturamento, da margem de lucro, do perfil dos seus clientes (B2B ou B2C), do setor de atuação e da estrutura de custos da sua empresa.

    E é justamente nesse cenário que a Treeunfe pode ser sua parceira. Com nossa experiência em tributação e tecnologia, oferecemos um emissor atualizado. Na prática, isso significa mais conformidade, eficiência e competitividade para o seu negócio.

    Não deixe a complexidade da reforma travar o crescimento da sua empresa. Conte com a Treeunfe para tomar as decisões certas e preparar seu negócio para o futuro tributário. Aproveite e baixe nosso e-book exclusivo sobre a reforma tributária e fique por dentro de tudo!

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